Querido D.,

Por momentos apeteceu-me recuar uns anos no tempo. Recuar para uma época em que não existissem os facilitismos de hoje em dia. Uma época em que não existissem sms, nem e-mails, nem telemóveis. Uma época em que teríamos de comunicar através de cartas seladas, guardadas em envelopes que protegeriam as nossas palavras escritas pela nossa própria mão. Esperaria dias e dias, aguardando pacientemente que a resposta chegasse, percorrendo exactamente o caminho inverso àquele que a minha carta teria percorrido. Oh! A felicidade e a excitação de receber por fim uma carta rabiscada com a letra que ansiava por ver, a tua letra, que daria um outro valor as palavras que cobririam a folha de papel. Seriam as tuas palavras desenhadas com cuidado e determinação na frágil folha de papel que eu iria segurar com mil cuidados para ler com toda a atenção, aproveitando cada palavra, cada frase, cada parágrafo. Guardá-la-ia, por fim, numa caixinha junto a todas as outras, tão valiosas que esconderia onde ninguém pudesse alcançar.. onde ninguém pudesse mudar a sua essência. 
Como eu gostava de escrever para ti. Pegar numa folha de papel em branco e preenche-la com as minhas frágeis mas sinceras palavras, desenhadas com a minha caligrafia desajeitada e pouco segura. Falar-te-ia de todos os meus sonhos, de todos os meus medos, de todas as minhas aventuras, de todas as pessoas de todos os locais. Falar-te-ia de ti. Deixaria as palavras dançarem por entre os meus dedos, guiando a minha mão numa melodia entusiasmada mas suave, tal como agora me guiam através destas teclas que pressiono com uma certa leveza e familiaridade. Escrevo neste meu blog como alternativa a esse meio de comunicação já quase extinto que um dia irei atrever-me a usar..
No entretanto, enquanto tal não acontece, continuarei a escrever pois escrever é bem mais simples que falar, e assim me sinto mais confortável. Sinto que realmente posso dizer o que penso sem que as palavras se enrolem ou morram nos meus lábios, sem que saiam aos tropeções correndo o risco de serem mal interpretadas. Sendo assim, quando a voz me falhar, escrever-te-ei.. 

Com amor,
A.

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