"Amo-?e"




      "Amo-te" é apenas mais uma palavra que faz parte do nosso quotidiano. Banalizada pela forma como é dita sem qualquer esforço, sem qualquer hesitação na voz de quem a expulsa dos seus lábios como se não fosse nada. Aceite sem qualquer suspeita de quem a escuta. Se esses lábios compreendessem a sua complexidade será que a deixariam fugir sem parar um segundo para a saborear? Arrepender-se-iam de todas as vezes que se atreveram a formá-la? Sentir-se-iam envergonhados pela sua ignorânica e pela forma como cuidaram de tal tesouro? Impediriam que fosse solta com tamanha leveza? Gostava de acreditar que sim.. Mas cada vez é mais dificil. Cada vez se ouve mais estas 5 simples letras colocadas nesta mesma sequência.. vezes e vezes sem conta. Como podem nao temer esta palavra? É, talvez, a palavra mais poderosa do mundo e é assim cantada aos ouvidos de quem a quer escutar, suspirada, transportada na memória de quem a ouviu centenas de vezes em vão. Talvez a culpa não seja nossa.. Talvez nunca nos tenha sido realmente explicado o significado do amor. E assim continuamos a dizer "Amo-te" a pessoas que mal conhecemos, achamos que é amor o que não passa de uma simples atracção ou de um desejo de atenção e companhia, deixamos que nos rebaixem e que nos comprem com palavras ocas que acreditamos levarem à felicidade que vemos em filmes, que lêmos nos livros. Quem não quer um amor tão forte como o de Romeu e Julieta? Quem não quer um amor que dure como o de O Diário da nossa Paixão? Todos o desejamos. E por isso continuamos a formar com os lábios as palavras que deviam ter origem no coração. 

"A word is just a word 'till you mean want you say. 
And love isn't love 'till you give it away"

S. Farinha 

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